O que é refluxo?

A doença do refluxo gastro-esofágico, ou simplesmente doença do refluxo, ocorre quando o conteúdo gástrico presente no estômago ascende ao esôfago, podendo atingir sua parte de baixo e até mesmo a garganta e cordas vocais. Como esse conteúdo é extremamente ácido, ele normalmente causa desconforto quando refluído.

Em nossa anatomia, o estômago e o esôfago possuem eixos de posição diferentes, que funcionam como uma espécie de sifão. Isto ajuda a impedir o refluxo. Além disso, temos um músculo circular denominado esfíncter inferior do esôfago que envolve a parte final deste tubo e permanece fechado durante todo o tempo, abdrindo somente para que o alimento passe do esôfago para o estômago. A anatomia desses órgãos, naturalmente impede que haja refluxo além do normal, que é de aproximadamente 7 e 8% do tempo. A doença do refluxo ocorre quando, por diversos fatores, o mecanismo não funciona do modo adequado e o ácido retorna para o esôfago, agredindo-o e podendo causar inflamação em sua parede (esofagite) ou até doenças respiratórias.

SintomasCaptura-de-Tela-2015-01-28-às-11.48.15

Do ponto de vista clínico, o sintoma mais comum é a queimação (ou popularmente azia) que ocorre na maioria das vezes depois da refeição, quando o estômago está mais cheio. Já os sintomas atípicos são: tosse crônica, queimação na garganta, pigarro crônico e até mesmo, asma. Com uma boa investigação clínica e com exames complementares, é possível detectar a causa do sintoma respiratório, que pode vir do ácido que consegue subir e agredir a laringe até cair no pulmão.

Cerca de 50% das pessoas que tem sintomas atípicos provavelmente terão endoscopia normal e essa é uma das dificuldades que podem surgir no diagnóstico da doença.

Causas:

– Abuso de alimentos que provocam o relaxamento do esfíncter (gorduras, cigarro, café preto, bebida alcoólica, molho de tomate, chocolate).

– Ganho de peso: pessoas mais obesas ou que aumentaram o peso de uma hora pra outra podem passar a ter sintomas de refluxo.

– Hérnia de hiato: é a maior causa de refluxo. Caracteriza-se pela situação onde a abertura no diafragma (hiato), por onde o esôfago passa, está larga o suficiente para que todos os mecanismos anatômicos sejam perdidos e o estômago ao invés de ficar dentro do abdome, passa a ocupar uma posição no tórax.

Diagnóstico:

Além de uma avaliação clínica detalhada e identificação das condições em que ocorre o refluxo, também são realizados exames complementares. A endoscopia é o exame considerado como um bom início de investigação, porém ela não conclui o diagnóstico do refluxo. O indivíduo pode ter refluxo insuficiente para agredir o esôfago e dessa forma, a endoscopia dificilmente detecta o problema, sendo necessário outros meios de diagnóstico quando se suspeita do quadro ( se o paciente apresenta sintomas como pigarro e tosse crônica, por exemplo). A endoscopia busca identificar a esofagite (que é o efeito final do refluxo), tumores, agressão medicamentosa ou até mesmo a presença da hérnia de hiato.

O exame que confirma o diagnóstico é a pHmetria. Esse exame mede o pH do esôfago durante 24 horas e no decorrer do dia, a cada vez que o pH apresentar um número abaixo de 4, é possível identificar que está ocorrendo um refluxo ácido (pois o pH normal do esôfago é neutro).

Existem pessoas que, de um modo bem pouco frequente, possuem refluxo não ácido e para isso, existe outro tipo de exame que é a impedanciometria. Esse exame mede não só o pH mas também o fluxo de líquido de baixo pra cima, ou seja do estômago em direção ao esôfago. São casos mais raros onde a queixa do paciente é sempre atípica como engasgos ao deitar-se e sufocamento por refluxo.

Outro exame que permite a visão anatômica e panorâmica, é o raio x com contraste. Com ele, é possível observar o contraste descendo pelo esôfago e, ao simular situações do cotidiano (ficando deitado, em pé, fazendo força, debruçado e etc…), podemos fazer o diagnóstico.

Tratamento

De posse de todos esses exames, é possível ter um diagnóstico completo da doença e da causa. Se o refluxo não é causado por hérnia de hiato grande, o tratamento inicial é feito com medicações que são inibidores de bomba de ácido: omeprazol, esomeprazol, pantoprazol, rabeprazol. Grande parte dos pacientes apresenta grande melhora dos sintomas quando iniciado o tratamento medicamentoso, que pode durar bastante tempo, pois a melhora na qualidade de vida é significativa.

Quando o paciente possui uma hérnia de hiato grande, refluxo de difícil tratamento com medicações, esofagite muito intensa ou apenas por opção, o tratamento indicado é cirúrgico por via laparoscópica. Através da videolaparoscopia é reparado o calibre do hiato no diafragma e é confeccionado um mecanismo anatômico anti-refluxo. Trata-se de um procedimento, que apesar de ser minimamente invasivo, é bastante sofisticado. O paciente fica apenas um dia em internação e retorna rapidamente às suas atividades.

Medidas que ajudam a minimizar o problema:

– Não se manter muito tempo em jejum seguido de enormes refeições.

– Evite deitar logo após as refeições.

– Elevar um pouco a cabeceira da cama: Recomenda-se um calço de 10 a 15 cm no pé da cama na região da cabeça.

– Evitar alimentos como café, doces, gordura, molho de tomate, condimentos.

– Cessar o tabagismo.

– Evitar o estresse.

 

 

Submit a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *